Toda empresa tem um potencial inexplorado, considerando tudo o que está disponível para ela: sua história, fundadores, força de trabalho, recursos, marca, capital, relacionamentos e, principalmente, o zeitgeist, ou seja, o espírito da época em que está inserida.
Toda época expressa uma doença coletiva que carece de remédio. Diversos mecanismos da sociedade moderna, como a democracia, os Direitos Humanos e os direitos trabalhistas são conquistas obtidas em épocas que continham mazelas próprias que causaram a necessidade destas soluções emergirem.
Olhando retrospectivamente, os problemas e suas respectivas soluções parecem evidentes, mas não são. Prova disso é que é extremamente difícil enxergar e entender os problemas da época que estamos vivenciando agora. Afinal, os peixes não conseguem enxergar o aquário em que estão inseridos.
Do ponto de vista macro, acreditamos que estamos vivendo uma tirania do reducionismo e do cartesianismo, com o pensamento sistêmico despontando como a grande solução para esta era, como expusemos neste outro estudo. Do ponto de vista individual, conseguimos identificar vários padrões ao analisarmos nossas experiências profissionais particulares.
Todos nós tivemos trajetórias de carreira incomuns e irregulares. Já vivenciamos diversos episódios em que fomos tratados como engrenagens substituíveis e desumanizadas. Nosso bem-estar pessoal não foi apenas ignorado, mas considerado irrelevante para o quadro geral. Neste modelo, o trabalho parece um martírio necessário para pagar contas e a felicidade é algo etéreo reservado para os finais de semana.
Há algo fundamentalmente errado nisso, começando pelo nosso sistema educacional. É ali que começamos a ser uniformizados: indivíduos diferentes são tratados de forma igual e precisam cumprir um mesmo conteúdo programático genérico. É ali que começamos a aprender e acreditar que a vida é um jogo com vencedores e perdedores e que ser diferente é ruim.
É ali que se cria o mito da pessoa “nota dez” em tudo. Ela é o ideal, é quem se dará bem ali e fora dali. Este ideal se prova quimérico, porém, isso não impede seu poder vinculante. O que acaba acontecendo é uma geração de pessoas “nota seis e meio” em tudo. Afinal, todo o esforço educacional foca em consertar as fraquezas, ao invés de melhorar exponencialmente os pontos fortes individuais.
Vivemos na esperança de que a vida vai melhorar depois da escola, mas, infelizmente, as demais instituições que teremos contato replicam este modelo — as universidades e, por fim, as empresas. As pessoas acabam ficando permanentemente imersas nesta cultura, de forma que passam a fazer parte dela e a repetem atavicamente para as próximas gerações.
E, como o jogo padrão é “ganha-perde”, a competição é a regra. Mesmo dentro de uma mesma equipe, as pessoas tendem a se enxergar como adversárias, apunhalando-se pelas costas. Assim, um sub-jogo se forma e as pessoas passam a se dedicar a várias atividades que nada têm a ver com gerar valor e deixar os clientes felizes: política, intrigas e satisfação de interesses pessoais.
Nossa equipe é formada por excluídos deste sistema uniformizante: desajustados que ousam serem felizes no trabalho. Que entendem e acreditam que sua positividade tem impacto determinante e mensurável nos resultados.
Acreditamos que a vida é curta demais para odiarmos o que fazemos o dia inteiro.
Acreditamos que o autoconhecimento é o fundamento para uma vida feliz, obtida por meio de escolhas alinhadas aos nossos talentos naturais.
Acreditamos que a felicidade no trabalho advém da verdadeira descoberta dos próprios pontos fortes, ignorando e gerenciando os pontos fracos tanto quanto possível.
Acreditamos que as pessoas não precisam ser boas em tudo, e sim focar no que fazem melhor. No que elas são fracas, certamente alguém da equipe suprirá com excelência.
Acreditamos em trabalhos individualizados, ao invés de genéricos e uniformizantes.
Acreditamos que é mais divertido, lucrativo, poderoso e produtivo criar regras, ao invés de seguir as que já estão impostas.
Acreditamos que é possível desenhar soluções ganha-ganha, nas quais o ganho de um não implica na perda do outro.
Acreditamos muito mais em liderança e inspiração do que em gerenciamento, comando e controle.
Acreditamos que as verdadeiras lideranças são persuasivas, envolventes e fazem as pessoas quererem seguir por livre vontade de pertencer, e não devido a forças opressivas que as obrigam a fazer mais por menos.
Acreditamos que a maioria das pessoas está conformada e disposta a lutar para manter o status quo, mas não somos a maioria.
Acreditamos que é possível e necessário ser feliz no trabalho, e esta pequena mudança tem o potencial de transformar toda a sociedade para melhor, reduzindo índices de desemprego, de suicídio, de violência doméstica e urbana.
Tudo isso compõe nosso propósito, nossa razão de ser neste mundo. Uma síntese do que podemos oferecer de valor, em resposta aos problemas gerados e alimentados pelo zeitgeist atual. Uma revolução pacífica que contém a força irresistível das ideias que estão no tempo certo de chegar.
Concluir isso foi um processo de descoberta: nós não escolhemos este propósito, nós o descobrimos. Ele é muito maior do que cada integrante da equipe e todos devemos trabalhar em prol dele.
Assim, apesar da nossa abordagem ser individual, ela gera diretrizes coletivas, o que propicia alinhamento organizacional. Respeitamos a individualidade mas não acreditamos em individualismo — estamos todos indo para o mesmo lugar.
Neste sentido e em muitos outros, acreditamos que a abordagem “de pessoas para pessoas” está ultrapassada, pois ela é um convite implícito para o egoísmo e o caos. Não acreditamos que as organizações devem trabalhar para suprir os desejos egoísticos das pessoas. E sim que as pessoas devem trabalhar em sinergia pelo propósito maior das organizações.
Portanto, trabalhamos para um propósito através de pessoas.
Com a GENTE você pode ser FELIZ™.